Lembramos de um instituto de Educação a Distância, que agora tem uma página na internet. Apareciam sempre as revistas com as ofertas nas casas. Na página é possível perceber diferentes preços para os cursos online, que oferecem espaço de chat e provas online para seus alunos/clientes. Mas ainda é oferecido o formato impresso de todos os cursos, que não por acaso são as versões mais caras.

Visitando a página e lembranças pessoais do grupo, acabamos nos deparando com reflexões interessantes, que seguem abaixo, intercaladas por textos encontrados na rede:

Se a EaD tradicional é mais cara e segue nitidamente o paradigma da transmissão, por que será que ainda vende?

https://www.mercadoetico.com.br/arquivo/educacao-a-distancia-cresce-mais-que-a-presencial/

Será que a oferta de versões online de cursos tradicionais não passa de uma simples adaptação a um formato de menor custo?

https://www.carosamigos.com.br/index.php/component/content/article/176-revista/edicao-175/1544-ensino-a-distancia-rebaixa-qualidade-da-educacao-no-pais

https://www.folhabv.com.br/mobile/noticia.php?id=119146

Caso a mudança para versões "online" estivesse relacionada com transformações pedagógicas e com a necessidade de mudança de paradigma educacional, a oferta de cursos impressos, unidirecionais, neste caso, não seria um paradoxo?

https://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/cursos-ead-tradicionais-ja-eram-a-aprendizagem-colaborativa-em-rede-e-uma-saida/33233/

As experiências em EaD são variadas. Desde cursos onde estudamos sozinhas e fazemos provas  objetivas, com questões de múltipla escolha, para comprovar nosso conhecimento e receber um certificado, até disciplinas interativas e com tutoria atuante, que desafiam a nossa capacidade de reinvenção nos estudos e na busca pela originalidade na autoria coletiva de trabalhos.

A maioria dos cursos, fazendo uma rápida busca na internet, está muito mais próxima de um modelo unidirecional de educação, onde o aluno recebe tarefas específicas a realizar. Há poucas interfaces de relacionamento com professores e colegas que realmente sejam funcionais e produtivas, isto é, que estejam em um ponto além do cumprimento "burocrático" de tarefas. De fato, quase sempre, receber o certificado é a tarefa mais fácil. Difícil é concluir o curso/disciplina com uma sensação diferente daquela experimentada na escola, quando se estudava para a prova, "para passar de ano". Talvez a principal diferença ainda esteja na forma como cada um encara a experiência. Ou na maturidade e na intencionalidade reflexiva de quem cursa (o aluno) e na mudança de postura de quem o constrói (professores, gestores, técnicos em TIC e alunos).

Outro ponto que podemos analisar é nossa própria capacidade de acompanhar os ritmos da cultura digital, veloz e interconectada. Uma abordagem colaborativa e que respeite os limites e possibilidades individuais, sem punir aqueles que não estão em condições de igualdade de acesso às tecnologias precisa ser praticada. Se não, o modelo de exclusão, travestido de inclusão digital, será muito similar ao que temos.

Não queremos afirmar que a EaD é uma falácia. Nem poderíamos, primeiro porque escolhemos esta modalidade para nossa formação e segundo porque sabemos que existem cursos e profissionais realmente comprometidos em torná-la algo além do já visto. Mas pensamos que ainda há muito mais EaD tradicional, mesmo com o título "online", não servirá para promover as mudanças desejadas no paradigma educacional. Ela apenas dará uma roupagem mais contemporânea ao que chamamos de Pedagogia da Transmissão.

Seguem mais alguns artigos com dados e visões sobre a EaD. Valem a leitura!!

https://educacao.uol.com.br/noticias/2013/03/20/especialistas-esclarecem-11-mitos-que-rondam-o-ensino-a-distancia.htm

https://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2013/03/ensino-a-distancia-e-inferior-ao-tradicional/